Produção de móveis cresce até julho, mas instabilidades no comércio interno e externo impactam avanço

10/10/2025

A nova edição da “Conjuntura de Móveis”, estudo elaborado pelo IEMI para a ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), aponta que a indústria brasileira de móveis e colchões manteve trajetória positiva no primeiro semestre e início do segundo. Entretanto, o consumo de bens duráveis enfraquecido no varejo doméstico e o cenário internacional conturbado na segunda metade do ano – sobretudo em decorrência do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos – indicam um período de atenção para o restante de 2025.

O volume de produção de móveis e colchões alcançou 39,7 milhões de peças em julho deste ano, representando alta de +12,8% em relação a junho. Ainda assim, o avanço acumulado no ano desacelerou — passando de +2,6% no primeiro semestre para +1,8% até julho. Em 12 meses, a produção soma expansão de +5,5%.

 

 

Em paralelo, a receita da indústria moveleira atingiu R$ 8,6 bilhões em julho, com avanço de +13,5% sobre o mês anterior. O indicador também se mantém em terreno positivo no acumulado: +6,8% no ano e +10,9% em 12 meses, sustentado por ganhos de produtividade, modernização fabril e preços médios mais elevados.

 

Consumo aparente e participação dos importados

O consumo aparente de móveis e colchões — que representa o total de produtos disponíveis no mercado interno — acompanhou a expansão da produção, somando 39,7 milhões de peças em julho, alta de +12,6% em relação ao mês anterior. No acumulado de janeiro a julho, houve crescimento de +1,7% frente ao mesmo período de 2024 e +5,1% em 12 meses.

A participação dos produtos importados no mercado brasileiro foi de 4,9% em julho, demonstrando leve aumento em relação aos meses anteriores. O indicador segue sob monitoramento, especialmente em um contexto de ajustes nas exportações e maior volatilidade cambial.

 

Comércio exterior: retração nas exportações e reflexos no chão de fábrica

As exportações brasileiras de móveis e colchões somaram US$ 60,8 milhões em agosto, apresentando queda de -14,5% frente a julho (US$ 71,1 milhões). O resultado reflete os efeitos diretos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos – que chega a 50% para a maior parte do mobiliário produzido no Brasil –, em vigor desde 6 de agosto de 2025, impactando de forma imediata as empresas com maior dependência do mercado norte-americano, principal destino do setor.

Com isso, o crescimento acumulado das exportações, que até julho era de +7,0%, passou para +5,7% até agosto, enquanto a variação em 12 meses manteve-se em +7,8%.

O impacto das novas tarifas também começou a se refletir no nível de atividade e no emprego industrial. Desde julho, algumas fábricas com foco exportador reduziram turnos ou suspenderam temporariamente suas operações, em razão da necessidade de readequação de contratos e estoques. Como resultado, o setor registrou queda de -0,4% no número de trabalhadores em julho, o primeiro recuo após seis meses consecutivos de alta.

Ainda assim, o saldo de empregos permanece positivo no acumulado do ano (+7,1%) e em 12 meses (+5,9%).

No fim de setembro, o governo norte-americano anunciou um novo pacote tarifário sobre madeira e móveis, com entrada em vigor prevista para 14 de outubro de 2025.  Acesse aqui o conteúdo completo sobre o tema.

 

Investimentos

Os dados indicam, contudo, que apesar do momento de ajustes, os investimentos em modernização produtiva realizados ao longo do primeiro semestre mantiveram-se no início da segunda metade do ano, com crescimento de +44,4% entre janeiro e agosto de 2025 frente a igual período no ano anterior (este crescimento era de +43,9% até julho). 

Os segmentos com maior destaque foram:

  • Máquinas para desbastar, aplainar e fresar: +70,4%
  • Máquinas para esmerilar, lixar e polir: +66,8%

 

Varejo: melhora pontual em julho, mas consumo ainda contido

O varejo de móveis e colchões apresentou melhora em julho, após um segundo trimestre mais fraco. Foram vendidas 32,6 milhões de peças, alta de +8,5% em relação a junho. No acumulado de janeiro a julho, as vendas ainda recuam –3,9%, mas em 12 meses voltaram ao campo positivo (+0,7%).

Em valores, o varejo somou R$ 10,7 bilhões em julho, crescimento de +9,0% no mês. Frente ao mesmo período de 2024, há leve retração de –0,8%, enquanto em 12 meses o setor acumula alta de +3,3%.

De acordo com o IPCA/IBGE, os preços do mobiliário subiram 0,49% em agosto, acumulando +3,18% no ano e +5,26% em 12 meses, refletindo ajustes moderados e compatíveis com o comportamento geral dos bens duráveis no país.

 

Perspectiva setorial

Os resultados de julho e agosto confirmam a fase de transição vivida pela indústria moveleira brasileira. Apesar dos bons números do primeiro semestre e da continuidade dos investimentos em modernização, a desaceleração das exportações e o consumo interno ainda contido apontam para um cenário de prudência na segunda metade de 2025.

Para o presidente da ABIMÓVEL, Irineu Munhoz, é um momento de “monitorar com atenção as transformações no comércio internacional e seguir trabalhando pela melhoria da competitividade e a busca por novos mercados”.

A entidade segue atuando em diversas frentes — incluindo o Projeto Brazilian Furniture, de incentivo à internacionalização, em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos); o PDCIMob (Projeto de Desenvolvimento, Competitividade e Integração do Mobiliário); junto ao Sebrae Nacional (Serviço brasileira de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), bem como o Programa de Normalização de Móveis, desenvolvido com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas); entre outras ações para fortalecer a indústria nacional, ampliar a presença internacional e alinhar indústrias de todos os portes e regiões às melhores práticas globais de sustentabilidade, inovação e design integrado.

 

 

A íntegra da Conjuntura de Móveis – Setembro/2025 está disponível no acervo digital da ABIMÓVEL: abimovel.com/capa/acervo-digital

 

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