ABIMÓVEL: Exportações brasileiras de móveis e colchões recuam em 2022 frente ao ano anterior

23/02/2023

Imagem: Freepik

Desempenho, porém, é superior ao do pré-pandemia

O setor moveleiro nacional cumpre um papel estratégico para o País, ao contribuir com o equilíbrio e o posicionamento da economia e da indústria brasileira no mercado interno e global, gerando empregos e sendo responsável pelo desenvolvimento de produtos com design e materiais originais, que foram exportados para 162 países apenas em 2022. 

No último ano, contudo, o setor, a exemplo de outros segmentos industriais, enfrentou desafios já amplamente conhecidos, como a crise econômica, tensão política, conflitos internacionais, além de problemas logísticos e na cadeia de abastecimento, que implicaram em uma série de obstáculos não só na produção e no consumo doméstico como também no comércio exterior. 

Diante desse cenário, dados da última edição da “Conjuntura de Móveis”, estudo desenvolvido pelo IEMI com exclusividade para a ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), demonstram que em 2022 foram exportadas mais de 21,8 milhões de peças pela indústria brasileira de móveis e colchões. Montante superior a US$ 830,7 milhões em receita. 

Tais resultados demonstram quedas em torno de 27,6% em volume e de 11,4% em valores exportados pelo setor no acumulado de 2022 (ou seja, de janeiro a dezembro). Isso, porém, frente a uma base de comparação bastante elevada em 2021, quando a indústria moveleira nacional alcançou resultados históricos, ao exportar mais de 30,1 milhões de peças de móveis e colchões, culminando em cerca de US$ 938 milhões em receita.

“Diante desses números é importante ressaltar que apesar das adversidades enfrentadas nas mais diversas cadeias produtivas em todo o mundo, resultando numa queda pontual das exportações no setor em 2022, a indústria brasileira de móveis e colchões manteve sua posição no mercado internacional. Mostrando resiliência e dando continuidade a um projeto sólido de expansão”, diz o presidente da ABIMÓVEL, Irineu Munhoz.

Questão que se comprova ao olharmos para o desempenho da indústria de móveis e colchões ao longo dos últimos anos. Em relação a 2019, por exemplo, ano pré-pandemia, o crescimento em 2022 foi de 5,3% em volume de peças e 29% em valores exportados.

 

 

Balança Comercial

Quando se trata das importações de móveis para o Brasil ao longo do ano passado, essas movimentaram cerca de US$ 191,9 milhões. Resultado aproximadamente 26,8% inferior ao de 2021, quando foram importados o montante de US$ 262,4 milhões. 

Dessa forma, apesar da queda nas exportações, a Balança Comercial no setor de móveis permaneceu favorável em 2022, acumulando superávit estimado de US$ 638,8 milhões ao longo do ano (janeiro a dezembro).

 

Principais estados exportadores

Quando falamos na origem dessas exportações, os três estados da região Sul continuam sendo os maiores exportadores de móveis do Brasil. Juntos, Santa Catarina (40,1%), Rio Grande do Sul (29,0%) e Paraná (14,5%), corresponderam a 83,6% das exportações brasileiras de móveis no ano passado. 

Com cada vez mais empresas aderindo a programas de incentivo à internacionalização, tais quais o Projeto Setorial Brazilian Furniture, desenvolvido pela ABIMÓVEL em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), outros estados, porém, vêm também ampliando suas exportações ano após ano, como é o caso de Minas Gerais e de Pernambuco. Confira mais: 

 
 

Destinos das exportações brasileiras de móveis e colchões

A manutenção de parcerias importantes no mercado global também é outro indicativo positivo para o setor moveleiro nacional. Ao receber 39,2% do total exportado no setor ao longo do ano passado, os Estados Unidos mantiveram a liderança como o principal destino das exportações brasileiras de móveis. Na segunda posição aparece o Uruguai, com participação de 8,3%; seguido pelo Chile, que recebeu 6,5% do total exportado pela indústria moveleira nacional em 2022. 

O Reino Unido aparece logo na sequência, com 6,2% de participação, ficando à frente do Peru, com 4,0%. Veja mais indicadores do desempenho das exportações de móveis por destino na tabela abaixo:

 

 

Oportunidades para a indústria brasileira de móveis no mercado global

Salienta-se, ainda, que além dos dez destinos elencados acima, a indústria brasileira de móveis e colchões vem estreitando a relação e, consequentemente, aumentando sua presença em outras importantes regiões do planeta, como na Ásia e no Oriente Médio, com diversas ações em andamento por meio de programas como o Brazilian Furniture. O projeto inclui ações como a participação em Feiras Internacionais, além de Missões Comerciais, Projeto Comprador, Programa de Design Integrado à Indústria, entre outros. 

Para o presidente da ABIMÓVEL, a queda nas exportações na passagem de 2021 para 2022 sem dúvida preocupa, mas não é algo que deva ser encarado como uma crise ou um retrocesso. “Continuamos com uma participação de mercado em expansão e com um grande potencial a ser explorado”, ressalta Munhoz.

Embora o Brasil esteja entre os oito principais países produtores de móveis no mundo, posiciona-se no 26º lugar no ranking de exportadores, demonstrando que ainda há campo para expandir. Segundo os especialistas em inteligência de mercado do IEMI, estima-se um potencial de US$ 1,1 bilhão nas exportações brasileiras no setor. Para isso, porém, novos mercados são necessários, assim como uma maior diferenciação do mix de produtos e a elevação do valor agregado dessas peças.

“Outra grande oportunidade para a indústria brasileira de móveis está relacionada aos quesitos qualidade, design e sustentabilidade. O mercado internacional, especialmente o norte-americano e o europeu, vem buscando adotar soluções ecológicas, utilizando materiais reciclados e matérias-primas naturais sustentáveis, como madeira, revestimentos, pedras e couros, amplamente disponíveis no Brasil. Esses fatores, além do design integrado à indústria, devem contribuir para o posicionamento dos exportadores brasileiros nesses mercados-alvo”, ressalta Irineu Munhoz.

A indústria brasileira do mobiliário, aliás, está entre as que mais têm certificações que comprovam práticas de sustentabilidade em seus processos: cerca de 98% das empresas exportadoras têm algum tipo de certificação. Com o setor também fazendo parte do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, seguindo seu Guia de Sustentabilidade.

“Para ampliarmos ainda mais nossa competitividade e continuarmos seguindo pelo trilho do desenvolvimento, precisamos investir continuamente em tecnologia e inovação, aprimorando processos produtivos, bem como buscando novas soluções para vencer obstáculos e atender às demandas globais. Nesse sentido, a ABIMÓVEL está sempre comprometida em apoiar e orientar as empresas do setor, incentivando a melhoria da qualidade dos produtos e a conquista de novos mercados”, finaliza o presidente da entidade. 

 

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