30/01/2024
Imagem: Freepik
A tensão na região do Mar Vermelho — onde a milícia Houthi baseada no Iêmen começou a atacar navios cargueiros desde novembro, sob o pretexto de apoio à causa palestina — já está causando efeitos no comércio exterior ao redor do mundo.
Embora o impacto direto para o Brasil no curto prazo não seja aparentemente tão significativo, o presidente da ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), Irineu Munhoz, reforça que existe sim uma preocupação válida com o efeito cascata que pode surgir devido ao estrangulamento das operações em grandes portos na Ásia e na Europa, afetando o tempo de viagem e os custos de transporte nas mais variadas cadeias de abastecimento, incluindo a moveleira. Reforçando que já observamos, por exemplo, uma evolução no Índice de Preços Mundial de Contêineres.
“A indústria moveleira, como muitas outras, depende fortemente do comércio marítimo, e qualquer interrupção ou desaceleração nas rotas comerciais pode resultar em atrasos na entrega e aumento nos custos de frete, seja de matéria-prima/insumos ou dos produtos acabados”, explica Munhoz. “Esse aumento, se sustentado, pode afetar a competitividade dos nossos móveis tanto nos mercados internacionais quanto também no interno. Isso porque um aumento prolongado nos custos de transporte pode levar a um repique inflacionário, sendo esta uma reação que realmente influencia a política monetária, com potencial de impacto indireto na demanda por móveis”.
Ou seja, se o transporte fica mais caro e escasso, isso pode levar também a um aumento nos custos de produção de móveis na indústria, que em certo ponto terá de ser repassado para o varejo, afetando o consumo na ponta e diminuindo a demanda final, como já vimos em situações anteriores, em especial durante a pandemia de Covid-19.
É importante notar que a situação é dinâmica e os efeitos a longo prazo ainda são incertos. “Enquanto algumas análises sugerem que a perturbação causada pela crise no Mar Vermelho pode ser de curta duração, o que de fato esperamos, não podemos também ignorar o risco de que problemas prolongados possam afetar a importação de insumos e as exportações de móveis de maneira mais substancial. Estamos, contudo, monitorando a situação, que segue sob controle, e sempre trabalhando em sinergia com os demais setores produtivos ligados à nossa cadeia para mitigar quaisquer impactos negativos sobre a indústria de móveis”, reforça o presidente da ABIMÓVEL.
Enquanto isso, os Estados Unidos vêm pressionando a China para colaborar numa tentativa de conversa com o Irã, que apoia o grupo rebelde Houthi, para conter os ataques na região.