09/05/2024
O ano de 2024 iniciou-se com desafios, é verdade, mas também evidenciou sinais de recuperação na indústria. A Sondagem Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), por exemplo, registrou um aumento no indicador de evolução da produção geral no país, que alcançou 51 pontos em março, superando os 48,5 pontos de fevereiro. Este progresso sinaliza uma retomada gradual da produção brasileira, embora ainda haja um longo caminho até a plena recuperação econômica.
No setor moveleiro, seguimos a tendência e observamos um aumento de 1,6% na produção de móveis e colchões nos primeiros dois meses de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. O consumo aparente, ou seja, o volume de peças consumidas no mercado interno, também cresceu 3,7% no primeiro bimestre do ano.
No entanto, a receita do setor sofreu uma leve queda de 0,3%, impactada por um aumento de 0,15% no preço médio por peça fabricada, ainda no campo da estabilidade, mas já comprometendo os lucros. Tal descompasso entre produção e receita destaca as pressões de custo e as dificuldades em repassar completamente esses aumentos aos consumidores.
Os indicadores estão detalhados na nova edição da Conjuntura de Móveis, estudo desenvolvido pelo IEMI com exclusividade para a ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), trazendo o panorama tanto da produção e das vendas no mercado interno, como das exportações e importações no setor, além do emprego, investimentos e do varejo.
Aumento dos custos de produção e impacto na produção de móveis
A elevação nos custos das matérias-primas, portanto, permanece sendo um desafio na indústria brasileira em geral, com esse índice de evolução subindo para 56,8 pontos na Sondagem Industrial de março. A insatisfação com a situação financeira também é uma preocupação, evidenciada por uma queda de 1,6 ponto nesse índice. Apesar da insatisfação mais disseminada, porém, o índice de evolução do número de empregados na indústria geral chegou a 50,4 pontos em março, refletindo uma recuperação no mercado de trabalho.
“Diante desses desafios, a indústria moveleira tem focado em aumentar a eficiência, reduzir desperdícios e aprimorar a gestão sustentável, além de diversificar mercados e investir em inovação e design”, pontua o presidente da ABIMÓVEL, Irineu Munhoz.
Como reflexo dessa mentalidade de “investir para crescer”, então, observou-se um aumento de 2,4% na evolução do número de empregados na indústria de móveis no primeiro bimestre de 2024. Os investimentos nas fábricas também cresceram, com as importações de máquinas para a fabricação de móveis aumentando 34,3% de janeiro a março deste ano em relação a igual período no ano anterior.
“Em relação ao emprego, ainda, na frente das relações trabalhistas, com o dissídio programado para maio se aproximando, nosso foco tem sido o de negociar acordos que reflitam tanto a capacidade financeira das empresas quanto às necessidades dos colaboradores, buscando um equilíbrio que preserve a saúde econômica dos negócios e ao mesmo tempo ofereça condições justas para os trabalhadores”, pontua mais uma vez, Munhoz. Segundo ele, isso inclui, do ponto de vista institucional, explorar formas de desoneração da folha de pagamento no setor, que é o oitavo que mais emprega no país. Uma medida que, se adotada pelo Governo Federal, poderia aliviar os custos laborais e permitir investimentos mais substanciais em capital humano.
Varejo de móveis e colchões
O varejo de móveis, por sua vez, tem enfrentado dificuldades devido à demanda insuficiente, assinalada por grande parte dos empresários brasileiros. “Para enfrentar o desafio de repassar custos sem perder a demanda, nossos associados têm se focado em inovação e design, agregando mais valor aos produtos. Diante disso, claro, temos incentivado e colaborado com as empresas para diversificar canais de venda e adotarem estratégias de marketing que comuniquem o valor do design integrado à indústria”, fala agora a diretora-executiva da ABIMÓVEL, Cândida Cervieri.
O crescimento das vendas no varejo de móveis e colchões, que apresentou um aumento de 1,1% em volume e 2,8% em receita no acumulado do primeiro bimestre de 2024 em comparação com o mesmo período em 2023, mostra que estas estratégias estão começando a render frutos.
A inclusão do setor de móveis no financiamento de programas habitacionais, como o “Minha Casa, Minha Vida”, no entanto, seria outra medida fundamental para impulsionar a demanda interna, ampliando a acessibilidade aos produtos brasileiros e estimulando o mercado interno, criando um ciclo virtuoso de produção e consumo. Algo que, segundo a direção da entidade, “a ABIMÓVEL tem discutido de maneira constante e direta com o Governo Federal”.
Exportações e diversificação de mercados
O comércio exterior também oferece uma oportunidade estratégica para a expansão da indústria moveleira brasileira, sexta maior produtora de móveis do mundo e que exporta para cerca de 180 países.
Em março de 2024, as exportações de móveis e colchões brasileiros registraram um crescimento de 4,6%, marcando o terceiro mês consecutivo de avanço. “Essa expansão no cenário internacional é vital, considerando a atual situação no mercado interno, e destaca a importância de nossos esforços em projetos como o Brazilian Furniture, uma parceria com a ApexBrasil, que tem ampliado significativamente a visibilidade dos móveis brasileiros no exterior, vide nossa participação na Semana de Design de Milão em abril de 2024, e tudo o que já temos preparado para a Semana de Design de Nova York, em maio”, pontua Cândida.
Vale ressaltar que avanços no controle inflacionário, redução da Selic (taxa básica de juros) e projeções mais positivas tanto para o PIB quanto para as taxas de ocupação no país também são movimentos muito importantes para o mercado como um todo e que surgem como consequência de anos de muitos ajustes para vencer os efeitos da pandemia sobre a economia, o varejo e a indústria.
“A ABIMÓVEL acredita firmemente que com o apoio adequado e a implementação de políticas eficazes, o setor moveleiro pode superar os desafios atuais e aproveitar as oportunidades emergentes”, reforça Irineu Munhoz, presidente da entidade.
Com uma agenda propositiva e em parceria com os setores público e privado, a associação atua como uma ponte entre empresas, profissionais, sindicatos regionais e o Governo Federal, seja por meio da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Setor do Mobiliário, em processo de reinstalação, a partir de sua cadeira no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, o CNDI, ou de sua participação como membro do Fórum Nacional da Indústria, entre tantas outras ações e discussões em andamento. Dessa forma, buscando meios de impulsionar a produção e melhorar o ambiente de negócios no Brasil.
Veja o resumo dos principais indicadores do setor moveleiro em fevereiro e março de 2024:
CONJUNTURA DE MÓVEIS
Os relatórios mensais intitulados “Conjuntura de Móveis” são concebidos para facilitar o monitoramento da ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) e seus associados em relação ao desempenho do mercado de móveis e colchões no Brasil.
Para tanto, são examinados mensalmente os percentuais de evolução da produção física, pessoal ocupado, média salarial, produtividade do setor, aquisições de máquinas, importações e exportações na indústria, bem como vendas e inflação no varejo de móveis, conforme os últimos dados disponíveis em fontes oficiais de consulta pelo setor.
Acesse a nova edição da “Conjuntura de Móveis”, com indicadores atualizados, em: http://abimovel.com/capa/acervo-digital/
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Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário – ABIMÓVEL
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