14/05/2013
Fábricas em Bento Gonçalves e Arapongas receberam a visita das equipes da Fundação Getúlio Vargas, do Projeto Brazilian Furniture e da Apex-Brasil
A cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, sediou no final de março a primeira edição do Workshop de Sustentabilidade e contou com a participação de duas empresas: Politorno e Bertolini. A iniciativa é resultado da parceria firmada entre o Projeto Brazilian Furniture e o Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) e tem por objetivo identificar os desafios e as oportunidades para a inserção de atributos de sustentabilidade na indústria brasileira de móveis. As duas empresas gaúchas também receberam em suas instalações as visitas das equipes da Fundação Getúlio Vargas, do Projeto Brazilian Furniture e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Matheus Scotton, diretor da Politorno Móveis, fundada em 1985, destaca a necessidade de a organização se preparar para um futuro repleto de desafios relacionados ao meio ambiente. “Temos a cultura de estarmos perto de nossa comunidade e também de nossos colaboradores, sempre respeitando os conceitos de sustentabilidade”, explica o executivo, lembrando que a presidência da Politorno encampou essa ideia. “Todo o plástico, o papelão e as sobras de madeira oriundos de nosso processo produtivo são integralmente destinados à reciclagem”, informa.
A empresa entende como “extremamente importante” iniciativas como a promoção de workshops sobre o sustentabilidade, “um tema que cada vez mais estará presente não só na nossa, mas em todas as atividades industriais”, comenta Matheus. A Politorno também promove campanhas de apoio aos seus colaboradores, como a “Com a cara no Estudo”, no qual assume as despesas com material escolar dos filhos de seus funcionários. Os alunos que mais se destacam nas escolas da rede municipal de ensino recebem prêmios como computadores e bicicletas ao final de cada ano.
O segundo Workshop de Sustentabilidade foi realizado no início de abril em Arapongas, no Paraná, com a participação de seis empresas. Na sequencia da iniciativa, as equipes da FGV, do Projeto Brazilian Furniture e da Apex-Brasil visitaram as fábricas da Nicioli, Caemmun, Simbal, Irmol e Vamol.
“Trata-se de um tema novo para muitos do setor e que às vezes é tratado em conjunto com ações sociais pontuais. O workshop permitiu uma reflexão oportuna sobre o assunto”, analisa Lucio Mourão, gerente de Recursos Humanos da Irmol. Os resíduos gerados pelo processo produtivo da empresa são recolhidos pela CETEC, criada em 2001 com a finalidade de resolver conflitos ambientais causados pelo Polo Moveleiro de Arapongas. A CETEC tem uma capacidade produtiva diária de 350 toneladas de briquetes e de 60 toneladas de pellets. Cerca de 90% do descarte oriundo das fábricas são compostos por resíduos de madeiras, serragens e pó-de-serra.
Na visão de Adilson Moleiro, da área de Qualidade e Meio Ambiente da Nicioli, “o workshop reiterou a importância da adoção de sistemas de gestão ambiental envolvendo o gerenciamento de resíduos, o descarte de efluentes e o controle da procedência da madeira, entre diversos outros aspectos interligados ao longo de toda a cadeia de produção”. Para ele, uma empresa posicionada como sustentável tem mais facilidade em ampliar a conquista de maiores espaços no mercado, seja no Brasil ou no exterior. “Uma questão importante é a relativa aos custos da adoção dessas políticas e eventos como esses permitem avançar no tema”, acrescenta.
Para Ligia Ramos, pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-EAESP, “esses encontros são uma excelente oportunidade para a coleta de informações in loco e para uma melhor compreensão de como as empresas do setor moveleiro se posicionam diante do tema sustentabilidade, contribuindo dessa forma para a discussão e a implementação de estratégias adequadas à realidade do setor”, conclui.